quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Ele faz do humor sua melhor terapia

Contratado pelo canal Porta dos Fundos, o humorista Luis Lobianco virou um sucesso graças à internet


NITERÓI — Imagine chegar num consultório para fazer análise e ser atendido por Luis Lobianco... Isso poderia acontecer se o humorista não levasse a sério sua vocação para fazer graça profissionalmente. O ator, que passou boa parte da infância e da adolescência em Niterói, não se arrepende de ter deixado de cursar a Faculdade de Psicologia da UFRJ para estudar teatro na CAL. Mas os interessados em curar a tristeza com ele podem acessar o site do Porta dos Fundos e assistir a um de seus vídeos. Não há contraindicação.
Lobianco conta que começou a se interessar por interpretação ainda menino, o que levou sua mãe a colocá-lo num curso oferecido pela Biblioteca Estadual Infantil Anísio Teixeira, no Campo de São Bento.
— Ela deve ter feito isso para libertar minhas duas irmãs de mim. Elas são mais novas e, por isso, eu as obrigava a fazer cenas comigo. Achavam um saco, mas eu adorava. Sou amigo das professoras do curso até hoje. Formamos uma turma tão bacana que chegamos a montar uma trupe. Todo ano, buscávamos textos para ensaiar e, em dezembro, apresentávamos uma peça. Era uma coisa amadora, no sentido real da palavra. A gente fazia rifa e pedia dinheiro nas ruas para viabilizar nossos projetos. No período em que fiz parte dessa turma aprendi a ter responsabilidade, garra e compromisso. Além disso, foi naquela época que comecei a ter noção de produção. Foi uma experiência muito bacana — lembra ele, que, aos 18 anos, deixou o grupo e a casa dos pais para dar continuidade ao sonho de se tornar um ator profissional.
No entanto, antes de se mudar, Lobianco prestou vestibular para algumas faculdades, apenas com o intuito de cumprir etapas de vida de um garoto normal. Mas, por falta de sorte, como ele diz, foi aprovado no vestibular para Psicologia da UFRJ. Sem crise ou conflito de existência, ele optou por seguir seu desejo e foi embora para o Rio, morar com uma avó no Leblon.
— É normal ter essa cobrança pela busca de uma carreira depois que concluímos o ensino médio. Apesar do apoio da minha família, fui muito questionado. Talvez por isso eu tenha prestado vestibular. Mas, quando vi que havia passado para uma faculdade pública, que é o sonho de muita gente, tive a certeza de que aquilo era tudo que eu não queria para mim — conta Lobianco.
Durante o curso na CAL, o ator trabalhou como vendedor de roupas para conseguir pagar as mensalidades. Depois de se formar como ator, virou barman numa boate, onde trabalhava de madrugada, para ter tempo de colocar seus projetos de teatro em prática durante o dia.
— Foi a maior cilada. No dia seguinte, eu ficava arrasado. Não me esqueço de um espetáculo infantil que fiz, no qual eu interpretava um ursinho. O horário da montagem era cedo, e eu ia acabado para o teatro. No dia em que o superdiretor Moacir Chaves foi ver a peça, eu dormi no palco. Foi um dos maiores micos que paguei quando estava começando — conta Lobianco.
Cansado, ele voltou a viver com os pais em Niterói, depois que sua avó se mudou para a Barra. Mas como já se sustentava bem com os trabalhos que fazia no teatro, esse período foi curto, e o ator saiu novamente da cidade, para morar na Lapa.
Nos ensaios para uma peça que seria montada no Teatro Ipanema, Lobianco conheceu o ator Fábio Porchat. Naquela época, ambos não imaginavam que iriam fazer sucesso juntos.
— Dividíamos horários no teatro. Lembro que ele fazia uma peça com Paulo Gustavo. Por meio do Fábio, conheci o Ian SBF, que me convidou para a última vaga do Porta dos Fundos. Foi um presentão — recorda ele, que, além de atuar no canal de humor, está em cartaz há dois anos com o “Buraco da Lacraia Dance Show”, na Lapa.
Apesar de ser muito abordado quando sai de casa, Lobianco mantém o hábito de circular a pé, mania que adquiriu em Niterói.
— Nunca fiz algo diferente do que já fazia para ter essa projeção toda. Então, por que mudar agora? Adoro rua, comércio, entrar em loja, conversar com gente — afirma ele, que adora visitar a mãe, em Santa Rosa. — Para mim, Niterói é sinônimo de descanso.
Por: O Globo
Colunista: Letícia Cardoso

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